segunda-feira, setembro 24, 2012

Viúva de Massamá apoia agora Passos Coelho



Odete Sopa, uma recatada avó de oito netos a viver em Massamá, noticiou uma mudança de opinião no que toca a odiar Passos Coelho e as suas políticas liberais.

Ao saber desta história incomum, fiquei intrigado como é que alguém colado à extrema-esquerda desde 1974, poderia virar a casaca de forma tão abrupta. Meti-me no carro em direcção a Massamá, onde tive a sorte de conseguir uma entrevista com a viúva Sopa.

Num encontro algo intimo, rodeado por bugigangas manchadas pela nicotina de uma vida inteira, a Sra. Sopa explicou como um único momento de clareza pode transformar o seu confinado lar num hospício. Ela falou sobre como os seus vizinhos a marginalizaram, como ela foi impedida de entrar no bingo e que já nem a cumprimentam no talho. Mas pior que tudo, ela afirma que agora é alvo de um boato acusando-a de ter um amante secreto que é, pois está claro, negro.

"Agora eu não lhe vou mentir, eu sou racista desde pequenita," confessou Sopa. "Depois, no outro dia, dei por mim na outra ponta da sala longe da minha bilha de oxigénio a seguir a ter fumado um SG Gigante, e se não fosse a minha auxiliar, Latrina Makukula, que calhou estar ali a ver a Gabriela, eu não tinha conseguido enfiar os tubos de oxigénio a tempo e já estava a servir de comer às minhocas a esta hora. Foi então que eu decidi que toda a gente devia ajudar os outros, e se alguém precisar de ser entubada, quem sou eu para o impedir. E depois ouvi dizer no autocarro que aquele rapaz do Bloco de Esquerda, o Louçã, prefere deixar as pessoas ali a morrer do que as pôr ligadas aos tubos. Decidi que vou votar com a minha consciência em vez das porras com que tenho sido enganada por merdosos como esse Louçã e mais o Jerónimo de Sousa."

Nesse momento, houve um tumulto lá fora. Fui até à janela para investigar. Saí para a varanda atafulhada de vasos com gerânios e begónias exuberantes. Estavam agora em cacos por toda a varanda, as belas plantas quebradas e em desalinho. Tinha sido toscamente pintada uma suástica na sua porta.

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