segunda-feira, março 12, 2018

É oficial: a Internet consegue ser agora mais irritante do que a TV alguma vez o foi.


Os votos foram apurados e confirma-se: a Internet já é considerada mais irritante, desagradável e intrusiva do que a televisão (mesmo no seu apogeu) alguma vez foi.

A Internet foi originalmente concebida para ser uma ferramenta dos militares para transmitir informação eletronicamente e rapidamente, tipo quem bombardear a seguir e se era seguro ir hoje ao café. Era básica, desprovida de imagens e funcionava. Quando chegou pela primeira vez ao sector público, servia uma simples necessidade de informação para quem tinha a inteligência e paciência suficientes. O Código era difícil de usar, exigia um cérebro funcional, o nível emocional de um robô e era um canal utilizado apenas para passar informação redigida e numérica.

À medida que o meio ampliou o seu uso para fora da comunidade geek, exigiu-se que fosse mais rápida, mais simples, amiga do utilizador, com fotos de gajas nuas e vídeos de gatos a tocar piano. Em vez de só linhas de letras pretas e brancas a mexer-se no ecrã, tinham de haver vídeos de celebridades pop a cantar cenas românticas enquanto dançavam por toda a parte, despidas até onde fosse legalmente possível, um terreno fértil para a malta que gosta de dizer mal e anúncios de produtos que ninguém precisa, mas cujos fabricantes nos convenceram do contrário.

No início, a Internet estava exclusivamente no domínio das pessoas inteligentes; à medida que evoluía, foi-se afundando lentamente no universo de gente iletrada que a quiseram abastardar até aos seus próprios níveis de mesquinhez, falsa moralidade, lentidão mental e imbecilidade. Emburrecendo-a, portanto. E pedia-se que fosse mais rápida, mais colorida, estridente, musical. Em algum momento no inicio dos anos 2000, começou a regredir; recuando em direcção ao Neandertalismo.

A televisão, por seu lado, foi irritante desde o início. Os seus patrocinadores sempre exerceram um controlo apertado sobre os conteúdos e asseguravam-se que os seus programas permaneciam dentro da caixa. A televisão inicial era propositadamente pueril para não ofender nenhuma alminha. Só na década de 60 (e em Portugal muito mais tarde) chegaram melhores noticiários e programas com melhor qualidade e profundidade. Claro que também apareceram as novelas para manter a gente mais burra entretida.

A Internet começou no outro extremo do espectro. Mas já conseguiu superar a televisão em todos os defeitos. Alguns dois exemplos:

Publicidade – A televisão interrompe-nos a cada 20 minutos com 10 minutos de anúncios (canais nacionais) ou a cada 10 minutos com 2 minutos de anúncios (canais tv cabo). Mas a Internet está constantemente a esparramar-nos na fronha com anúncios na barra lateral, pop-ups, publicidade que bloqueia o que estamos a ler e da qual não nos conseguimos livrar. Pelo menos a televisão só nos chateia por uns minutos com a sua lavagem cerebral – a Internet é uma cascata constante de todos os lados e em todos os (maus) sentidos.

Ruído – Há muito tempo que nos aumenta, à nossa revelia, os decibéis quando entram os anuncios. E não é que a porra da Internet nos começou a fazer o mesmo com vídeos estridentes quando se abre uma qualquer página. E alguns uma pessoa nem consegue desligar. Pelo menos com a televisão podemos sempre mudar de canal.

É mesmo preciso dizer mais?

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