As equipas de resgate do Bangladesh conseguiram retirar ainda viva dos escombros uma trabalhadora do sector do vestuário, 17 dias após o edifício ter colapsado, e ordenaram-lhe que voltasse imediatamente ao local de trabalho. Referindo-se ao tempo em que esteve enterrada viva como "17 dias de ausência injustificada ", a fábrica de vestuário transferiu-a para outro local e a fazer horas extra para compensar.
A mulher resgatada, que responde pelo nome de apenas Nazihra, disse aos jornalistas que foi levada na ambulância para o seu novo local de trabalho, onde irá laborar 20 horas por dia a 15 cêntimos a hora. "Graças a Ala pelo aumento, senão eu nunca mais ia conseguir pagar as minhas faltas. Eu estava a poupar para comprar um apelido mas, prontos, são coisas que acontecem."
Ironicamente, Nazihra sofreu menos lesões estando enterrada viva do que as que sofre normalmente no trabalho. A costureira disse à televisão local que conseguiu sobreviver bebendo garrafas de água espalhadas nos escombros e comendo alimentos das mochilas e sacos dos falecidos. Por sua vez, as autoridades locais acusaram Nazihra de furto e ordenaram o reembolso total aos respectivos familiares e aos proprietários do edifício. "Nós recusamo-nos a fechar os olhos a este roubo descarado. Em que tipo de sociedade é que isso nos iria tornar?" disse um agente que recusou ser identificado.
Nazihra disse estar ansiosa para começar a pagar a sua enorme divida. "Os europeus dependem de mim para lhe fornecer roupas baratas e perpetuar a ilusão de que não há inflação. Não posso desapontá-los!" E apesar de os 17 dias de inactividade a terem deixado menos descansada e revigorada do que seria desejável, ela declarou, "Ainda assim foi melhor do que um cruzeiro italiano."
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