terça-feira, abril 29, 2008

Guardem os vossos cravos! Odeio o Dia do Trabalhador.



O dia depois de amanhã marca as comemorações do alegado Dia do Trabalhador. Este feriado mundial (com excepção da República Dominicana e Santo Tirso), começou a ser celebrado em Portugal em 1974 em pleno neo-surrealista PREC. Curiosamente, acho que nunca se trabalhou tão pouco em Portugal como nesse ano (bem, talvez no seguinte) e, tal como o 25 de Abril, os comunistas apoderaram-se do mesmo.

Eis um guião para uma novela (chamemos-lhe “Trabalhadores Com Açucar”): Estamos na última quarta-feira de Abril. Jaime, o fiel de armazém, oferece um ramo de cravos à mulher por quem está apaixonado, a secretária do Director Financeiro do hotel, Elsa. No cartão lê-se: “Força camarada, és linda! Feliz 1º de Maio!” O prepotente chefe de Elsa, até então esquecido de tal feriado, vê o cartão e encomenda de imediato um ramo com o dobro do tamanho, suficientemente grande para impressionar Elsa e fazer sombra ao arranjinho de Jaime. O bouquet chega às 16:49. Os olhos abrem-se.

É o Dia do Trabalhador – o feriado sindicalista que leva ao desconforto dos Directores Financeiros, a centros comerciais superlotados, e pouco mais. Este feriado apanha os chefes desprevenidos (a razão porque têm pessoas a trabalhar às suas ordens é para os lembrarem do que lhes têm que mandar fazer e de coisas como o Dia do Trabalhador).

Este feriado pretende enaltecer a imagem dos trabalhadores (a classe operária) e encorajá-los a lutar pelos direitos adquiridos. Mas será que, além de duas ou três centenas de ressabiados, alguém realmente enaltece coisa alguma? Bem, eu não.
Talvez parte do problema seja o facto de há 25 anos para cá, o estatuto de classe operária (ou proletariado) ter ficado um pouco turvo e indesejável por quem se quer moderno. Talvez a minha impaciência para com o Dia do Trabalhador venha de alguma insatisfação laboral adquirida, como assistente tive a minha dose de prepotência.

A verdade é que deveria ser eu o chefe.

2 comentários:

Someone disse...

a culpa não é da existencia destes dois dias (pois são reflexo de anos de luta) mas sim das acções erradas tomadas nos tempos a seguir! Acho q foi por isso q nasceram muitos anti comunistas...
Eu adoro o dia, pelo menos é mais um feriado, claro que não será para ajudar às enchentes dos CC. Asim como qq DF, sempre é mais um dia que não têm de aturar o proletariado!
Breve/ abrirei o meu negócio posso contratar-te como chefe. Só tens de me aturar a mim como teu chefe!

Beijos

Unknown disse...

Eu gosto de feriados, apenas detesto que se apodera deles. Olha o Natal, por exemplo, o que é que a Igreja tem a ver com isso?!

Quanto à pré-proposta de trabalho, estando seguro das tuas capacidades de chefia, terei todo o prazer em aceitar. Compromotendo-me com uma chefia exemplar, o palhaço ficará à entrada.

Por falar em entrada, na porta do meu futuro gabinete deverá constar o meu nome, posição e a frase "feche a porta antes de entrar".

Beijos