Como eu odeio o Dia dos Namorados

Dia de S. Valentim – um dia para os casalinhos mostrarem o amor de um pelo outro. Como eu o odeio. Irei explicar porque se atravessa este 14 de Fevereiro patologicamente doce na minha garganta apelando a um regurgitar de um qualquer possuído pelo Demo (em tons esverdeados e com grumos, como convém).
Ele há muitas formas de amor e outras tantas formas de o expressar. Há o amor de amigo, de um homem pela sua ovelha, até o do meu pai pela Sport TV. Mais comum e romântico há o amor de um homem por uma mulher, de uma mulher por outra, de um homem por uma ovelha ou da Soraia Chaves pelo Padre Amaro. E como é este amor demonstrado? Bem, aqui vai disto!

É apenas um dia!
"A sociedade condenou-me a celebrar o que sinto por quem amo ainda com mais sinceridade e jactância neste dia do que – pelo que parece – em qualquer outro."
Fernando M.

Parecemo-nos esquecer do facto que todas as relações são celebradas em aniversários, Natal, e (caso se tenham esquecido) em casamentos. O que torna este dia tão mais especial do que um aniversário? Será por sermos forçados pelo consumismo a comprar um cartão? Parece que se não o fizermos é porque não nos importamos ou sentimos. Sem cartão, não nos sentimos.

Noites sem dormir
Há homens que nem conseguem pregar olho, tiram dias de folga, aumenta a pressão sanguínea, tomam Xanaxes, tudo isto por causa daquele horrível pensamento que lhes atormenta a porta da traseira da mente como um Jeová a impingir a palavra do senhor: "Não te esqueças do Dia dos Namorados, não te esqueças do Dia dos Namorados." Passam horas a pensar em qualquer coisa que faça a diferença. Sabem que é suposto fazer qualquer coisa especial, mas o quê?
No final tudo corre bem, regra geral. Como isso acontece é um mistério. O Valentim comprova os seus dotes como santo! É claro que não é bem assim.

Porquê um cartão?
Os cartões são comprados para os aniversários ou quando alguém está às portas da morte com um ataque de sífilis em fase terminal, ou até mesmo para encorajar uma lipoaspiração. Mas será assim que se exprime aquilo que se sente por quem se ama, “toma lá um cartão”?
É apenas um pedaço de cartão mas aparentemente significa tudo. Nunca conseguirás encontrar um que seja realmente significativo ou que, pelo menos, não faça a tua namorada/namorado/ovelha vomitar-te na cara. Ou tem a merda de um ursinho a abraçar um coração vermelho ou não és suficientemente sensível! Pelo sim pelo não, escolhe um que tenha um poema merdoso no interior.