quinta-feira, novembro 24, 2011

Thomas “O Combóio” entre em greve


Foi mais uma manhã na cidade de brincar chamada Lisboa e Thomas “O Combóio” estava pronto para transportar os passageiros miseráveis aos seus trabalhos de merda. Ele estava a fazer a linha de Sintra esta semana. Como gostava de passar naqueles tunéis escuros onde ninguém o via a transportar o proletariado junto com o seu interessante odor corporal.

Quando se preparava para o dia seguinte, olhou pelo canto do olho e viu o Chefe da Estação tropeçar na plataforma em direcção a ele. 'Olá Bob' disse Thomas. 'Não me chames Bob ó meu monte merdoso de ferrugem e parafusos, é Sr Crow para ti.'
'Sim Sr Crow, desculpe Sr Crow. Já não está na hora de me pôr a caminho para apanhar o pessoal?'
'Tu hoje não vais a lado nenhum. Estás de greve.'
'Greve?' perguntou o combóio intrigado. 'Porque raio iria eu querer estar de greve? Adoro o meu trabalho independentemente da merda dos direitos adquiridos, das ajudas de custo e do subsídio de Natal.'
O Chefe da Estação abanou a cabeça. 'Ouve lá ó palerma. Gostavas que uma manhã eu fosse ter contigo e te dissesse que já não tinhas trabalho?'
'Eu ia ficar destroçado' respondeu Thomas 'Eu não sei fazer mais nada na vida. Eu sou um combóio e andar a puxar carruagens é o que eu sei fazer. Não ia conseguir sobrevivrer com a porra do subsídio de desemprego.'
'É isso mesmo, tu não serves para um ca**lho for a daqui e é por isso mesmo, hoje não te mexes um centímetro nesse carril.'
'Mas porquê Sr Crow? Porque?!'
'Eu não preciso da merda de uma razão para fazer greve. Acabei de regressar de um fim-de-semana prolongado com a patroa e os putos e estou mais cansado c’o ca**lho, portanto até me dá jeito um dia de folga. E uma greve ainda é melhor do que telefonar a dizer que estive a vomitar a noite toda, que foi alguma coisa que comi e que me estou a desfazer em cócó, e nem me sinto culpado por estar a mentir.'

Caiu uma lágrima no rosto de Thomas enquanto via o Chefe da Estação dar um tabefe num passageiro chateado por já estar atrasado para o trabalho. ‘Bem, parece então que vou ter uma folga.’

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